Bem-vindo ao meu guia para uma escapadinha à Ilha do Sal, a ilha de Cabo Verde onde o tempo abranda, o sal fica na pele e o corpo entra em modo pausa. Se procuras um destino de sol e mar para fugir ao frio e ao inverno da época baixa e onde se fala português, o que torna tudo mais simples, então vais gostar deste cantinho de Cabo Verde tanto quanto eu gostei.🌴
A Ilha do Sal já andava na minha lista desde 2020. Íamos marcar os voos… e veio a pandemia. Ficou em pausa, como tantas outras viagens. Avançamos para 2024, e eis que em maio aparece a notícia: a easyJet ia começar a voar diretamente para a Ilha do Sal a partir de Portugal! 🎉 No dia 9 de maio, de manhãzinha, os bilhetes estavam à venda por 160€ ida e volta e pumba! Reservei logo para novembro, para uma escapadinha de 4 dias. À hora de almoço já estavam a 300€ ida e volta. (Vê aqui as minhas dicas para encontrar voos baratos e não perderes estas oportunidades-relâmpago.)
Claro que o ideal era ficar uma semana. Mas no meio de uma época de grande fluxo de trabalho, 4 dias souberam-me a verão encapsulado. De repente, estava em Cabo Verde, a apanhar sol, a flutuar numa cratera de sal e a ver tubarões-limão, enquanto em Portugal chovia daquele céu cinzentão. Maravilha! 😍
Neste artigo conto-te tudo o que precisas de saber para preparar a tua viagem: documentos, alojamento, clima e, claro, o que fazer (ou… o que não fazer, se quiseres só estender a toalha e desligar do mundo 😅).
Antes de marcar esta escapadinha, estive a pesquisar as outras ilhas de Cabo Verde. A Boavista tem praias parecidas com as do Sal, mas com mais vento (tive até familiares que lá foram e passaram a semana inteira sem conseguir fazer praia). Santo Antão é verde e montanhosa, perfeita para trilhos. O Fogo tem um vulcão ativo. São Vicente é conhecida pela música e vida noturna, e Santiago, onde fica a capital, é a maior e mais autêntica. A Ilha do Sal pareceu-me ter praias melhores, menos vento, voos diretos a bom preço e ainda algumas atrações para explorar, caso nos apetecesse dar a volta à ilha. Para o que eu queria (sol, descanso e escapadinha simples) pareceu-me a melhor escolha. E não desiludiu. 😎
A Ilha do Sal tem sol o ano inteiro, mas há alturas melhores consoante o que procuras: menos vento, mar mais calmo, preços mais baixos ou… tudo junto. 😄 Fui a meio de novembro de 2024 e apanhei 28 °C, pouco vento no sul e o mar a 26 °C. Segundo o nosso taxista, o Luís “No Stress”, o verão lá é a doer e esta época intermédia é a melhor altura para aproveitar.
☀️ Julho e Agosto: segundo os locais com quem falamos, demasiado calor, vento e turistas. Ainda por cima mais caro.
🌤️ Abril a Junho: calor moderado (26–28 °C), mais barato e menos multidões
🌤️ Setembro a Novembro: calor moderado (26–28 °C), mais barato, menos multidões, mas água mais quente (26ºC) que abril a junho.
🌦️Dezembro a Março: boa temperatura (24–26 °C), mar mais frio (23 °C), mas tempo mais instável (algum vento e pouca chuva).
Apesar de ser um destino bom para visitar durante o ano inteiro, recomendo OUTUBRO.
Boa temperatura, água ainda quente, mais barato, menos confusão e ainda apanhas o fim da época de desova das tartarugas.
Para visitar a Ilha do Sal (ou qualquer outra ilha de Cabo Verde), os cidadãos portugueses não precisam de visto para estadias até 30 dias. Basta ter:
Passaporte válido por pelo menos 6 meses à data da entrada
Pré-registo obrigatório (EASE) no site ease.gov.cv (idealmente até 5 dias antes do voo)
Pagamento da Taxa de Segurança Aeroportuária (TSA): 3.400$00 CVE (~31 €) — pago no mesmo site, durante o registo
💡Dica comodista: Levei os comprovativos do EASE e da TSA no telemóvel e ninguém mos pediu à chegada, mas vi várias pessoas com problemas ao passar o passaporte, provavelmente por não terem feito o pré-registo. Tiveram de ir para a fila resolver tudo na hora, por isso mais vale tratares disso antes da viagem. O processo é simples e faz-se em poucos minutos online.
Não precisas de vacina da febre-amarela se vieres de Portugal. E desde 2022, já não é necessário preencher ficha de controlo sanitário nem apresentar certificado COVID. Informações oficiais atualizadas aqui.
💡Dica comodista: Leva um repelente para usar à noite ou um raid elétrico de tomada, porque os mosquitos são chatinhos. 🙃
Chegas à Ilha do Sal de avião, aterrando no Aeroporto Amílcar Cabral (SID). Desde 2024, há voos diretos da easyJet a partir de Lisboa, Porto, Faro, Açores e Madeira, com preços a começar nos 140–180 € ida e volta. TAP e Cabo Verde Airlines também têm rotas diretas, embora geralmente com valores mais elevados (tipicamente 300 € ida e volta, dependendo da época).
✈️ O meu voo de regresso atrasou 4h30 e recebi 520 € de indemnização.
Se te acontecer o mesmo, vê aqui como pedir uma compensação por voos atrasados.
A maioria dos turistas fica na zona de Santa Maria, mas há outras áreas na ilha com opções de alojamento, cada uma com o seu ambiente, distância da praia e grau de “comodismo”. Aqui fica um resumo das principais zonas para escolheres onde ficar:
🏝️ Santa Maria/Zona de resorts – A zona mais popular e completa. Praia linda, pouco vento, restaurantes, bares e alojamentos à beira-mar. Dá para fazer tudo a pé, mas os preços são mais altos.
🏨 Ponta Preta/Zona de resorts – Fica a 5 min de táxi de Santa Maria (5 € por viagem). Praia ventosa, mas os hotéis têm melhor relação qualidade-preço.
🌬️ Murdeira – Tranquila, isolada e com pouco comércio. Boa para quem quer sossego total, mas longe de tudo. Mais vento e menos estrutura.
🏘️ Espargos e Palmeira – Aparecem preços apetecíveis no Booking, mas não têm praia nem grandes infraestruturas.
💡Dica comodista: Se queres tudo incluído, fica num resort fora de Santa Maria (por exemplo na Ponta Preta) e apanha táxi até à praia por 5 €. Poupas imenso e ficas num excelente hotel por um menor custo.
Fiquei no Meliá Dunas numa promoção jeitosa e voltava a ficar lá sem pensar duas vezes. Apesar de não ser em Santa Maria, os táxis são baratos (5 € até à vila) e o conforto compensa: as piscinas, os restaurantes com tudo incluído, a animação, tudo!
Se queres mesmo relaxar, um resort com tudo incluído faz diferença, especialmente se apanhares uma boa promoção fora do centro. Mas se preferes sair todos os dias, comer fora e explorar, há hotéis e apartamentos simples em Santa Maria mesmo muito baratos, por isso consegues facilmente fazer uma escapadinha low cost.
Todos os voos internacionais chegam ao Aeroporto Amílcar Cabral (SID), e a zona turística de Santa Maria fica a cerca de 20 minutos de carro. Não há grandes transportes públicos, mas tens várias formas de fazer este trajeto:
🚐 Transfer privado: muitos hotéis incluem transfer gratuito ou por um valor adicional. Confirma antes de marcar.
🚖 Táxi local: custa cerca de 20 € até Santa Maria. À saída do aeroporto fomos logo rodeados por uns 20 taxistas, tipo cena de Walking Dead😅. O preço é combinado na hora (sem taxímetro), mas 20€ é o valor habitual.
📲 Motorista local: depois de o conhecer, usámos sempre o Luís “No Stress”, simpático, disponível e super fácil de chamar por WhatsApp. Se quiseres o contacto, pergunta nos comentários.
🚗 Aluguer de carro: possível, mas só vale a pena se quiseres dar a volta à ilha por conta própria. Dentro de Santa Maria não precisas de carro para nada.
Apesar de pequena, a Ilha do Sal tem mais para ver e fazer do que parece, sobretudo se alugares carro ou fizeres uma tour pela ilha. Como só íamos 4 dias no meio de muito trabalho, a ideia era descansar e fazer praia (coisa rara para nós 😅). Mas claro que acabámos por dar a volta à ilha… e ainda bem!
A melhor da ilha para estender a toalha, nadar e relaxar. Areia fina, mar calmo e restaurantes à beira-mar. Dá para ir a pé até ao pontão e ver os pescadores a descarregar peixe. É a praia com menos vento da ilha.
Estas salinas naturais formaram-se dentro da cratera de um antigo vulcão, onde a água do mar se infiltra através das fissuras da rocha vulcânica. A concentração de sal é tão alta que a densidade é 26 vezes maior do que a da água do mar. Flutuas sem esforço, como no Mar Morto, mas em miniatura e bem mais perto.
Durante anos, o sal extraído daqui foi o principal produto de exportação da ilha — daí o nome: Ilha do Sal. Ainda se veem os carris antigos e a infraestrutura de extração, o que dá ao lugar um ar de mina abandonada. Parece uma cena do Zorro, com construções de madeira e poeira por todo o lado. Falta o Anthony Hopkins!😅
Recomendo mesmo a experiência! A pele fica super suave, o sal cola-se a tudo e convém não mergulhar a cabeça nem pôr água nos olhos, porque arde bastante. A entrada custa 5 €, há duches simples à saída e vale a pena levar sapatos aquáticos e toalha.
Na costa norte da ilha, em Baía da Parda, consegues ver tubarões-limão a nadar tranquilamente em águas rasas. Caminhas com água pelos joelhos e, de repente, tens vários tubarões a passar-te pelas pernas. É uma experiência incrível!
Dá para visitar por conta própria sem pagar entrada e há locais a alugar crocs por 2 € (nós levámos os nossos sapatos aquáticos). Mas achámos que valeu a pena fazer com tour: eles levavam água com cheiro a peixe e sabiam os melhores pontos. Em 2 minutos, já tínhamos uns 10 tubarões à volta e dezenas de peixes. Se fores por conta própria, tenta ir de manhã, quando o mar está mais calmo.
O Olho Azul é uma cavidade numa gruta vulcânica onde, em certos ângulos e à hora certa, a luz do sol bate diretamente na água e cria um brilho azul-turquesa intenso, como se um olho brilhasse debaixo de água. Para veres o fenómeno, vai entre as 11h e as 13h, com sol forte. Em dias nublados ou fora desse horário, só vês um buraco escuro com água. O local faz parte da zona de Buracona, onde também há piscinas naturais (não são sempre seguras para nadar), um pequeno museu e miradouros sobre o mar.
A entrada custa 3 € e dá acesso a toda a área, mas a visita faz-se em meia hora. Leva chapéu, porque há muito sol e pouca sombra, e calçado confortável para caminhar pelas pedras.
No meio do deserto da Terra Boa, há um fenómeno curioso que engana mesmo os olhos: parece que há um lago ao fundo do caminho, mas é só uma miragem provocada pelo calor e pela refracção da luz. A paisagem é totalmente árida, com chão rachado, pedras e areia e só vês esse “lago” quando estás no ponto certo da estrada. É uma das paragens mais rápidas da volta à ilha. Não há estrutura nem entrada paga, apenas um miradouro improvisado à beira da estrada.
Além das praias e das paisagens naturais, a Ilha do Sal também tem um lado mais local, que vale a pena conhecer. A vila piscatória da Palmeira é o porto principal da ilha, com barcos de pesca coloridos, esplanadas simples e peixe fresco a ser descarregado ao fim da tarde. É uma boa paragem para ver a vida real a acontecer, sem filtros.
Mais ao centro fica Espargos, a “capital” da ilha e onde vive a maior parte da população. Não tem pontos turísticos, mas tem comércio, escolas, cafés, vida de bairro. Já zonas como Terra Boa ou Fontona são áreas com habitações muito simples, estruturas improvisadas e acesso limitado a água e eletricidade. Foi aí que vimos o lado menos turístico da ilha: depósitos comunitários onde se vai buscar água, casas sem rede elétrica… mas também escolas com crianças de uniforme a brincar no recreio. É um contraste marcante e faz parte de viajar: ver um ritmo de vida diferente, mais duro, mas vivido com uma leveza que impressiona.
É a vila mais animada da ilha, com lojinhas, cafés e restaurantes descontraídos. Dá para passear ao fim da tarde, ver os pescadores no pontão e comprar artesanato. À noite, vale manter alguma atenção. Não parece perigoso, mas também não é para andar super distraído com o telemóvel na mão.
Entre julho e outubro, centenas de tartarugas marinhas vêm desovar nas praias da ilha, principalmente em Algodoeiro, Ponta Preta e zonas mais tranquilas. É uma experiência única ver estes animais no seu habitat natural, especialmente se apanhares o momento dos bebés a correrem para o mar.
Há tours noturnos organizados por ONGs e guias locais, com explicações sobre a espécie (Caretta caretta) e boas práticas. Vai sempre com agências credenciadas, que respeitem as regras de observação (sem luzes fortes, ruído ou toque nos animais). Algumas até te vão buscar ao hotel à noite e levam para uma zona mais recuada da praia, onde há maior probabilidade de avistamentos.
Uma das formas mais relaxantes (e bonitas) de explorar a costa da Ilha do Sal é fazer um passeio de barco ou catamarã. A maioria inclui música, bebidas e paragens para mergulho em zonas de águas límpidas e cheias de peixes tropicais. Se preferires algo por conta própria, o pontão de Santa Maria é ótimo para snorkeling. Até sem sair muito da costa já vês bastante vida marinha.
Dá para fazer um mini rally por caminhos de terra batida, dunas e paisagens áridas. Muito divertido se gostas de aventura.
💡Dica comodista: Leva óculos de sol e um lenço para tapar o nariz por causa do pó.
Se o objetivo é mesmo desligar do mundo ou se tiveres azar com o vento na praia, então não há nada de errado em ficar pelo resort. Praia, piscina, snacks, cocktails e o Hakuna Matata de Cabo Verde. Às vezes, não fazer nada é fazer tudo. #deep
Fizemos a excursão de 4 horas com a Sal Experiences e o tempo nas Salinas e na Shark Bay foi perfeito, só na Buracona é que soube a pouco. O guia era excelente! Super bem-disposto, explicava tudo e oferecia-se para nos tirar fotos. Foram buscar-nos à porta do hotel. Deixo o link para a excursão curta que fizemos e também para a versão de 7 horas, ideal para quem tiver mais tempo.
💶 Levanta escudos cabo-verdianos (CVE) — muitos sítios aceitam euros, mas arredondam quase sempre para cima. Levanta dinheiro logo à chegada (há multibanco no aeroporto, à entrada de alguns hotéis e em Santa Maria), porque nem todos os cafés, restaurantes e táxis aceitam cartão. As taxas nos ATMs rondam os 1 € a 2 €, por isso compensa levantar uma quantia maior de uma vez.
🙅♀️ Prepara-te para abordagens turísticas em Santa Maria — fomos várias vezes abordados com o clássico “Hello my friend, remember me from…” (seguido do nome do hotel, porque viram a pulseira 😅). É uma tática para te levar a lojas ou vender-te algo. Tem paciência, estão só a tentar ganhar a vida. Sorri, agradece e segue viagem.
🩴Leva chinelos, toalha, repelente e um casaco leve — de dia está calor, mas à noite pode arrefecer com o vento.
✅ Reserva voos e alojamento com antecedência — as promoções para Cabo Verde desaparecem num instante, especialmente de outubro a dezembro, quando ainda está calor e os preços são simpáticos.
Agora que já tens todas as dicas para preparar a tua escapadinha à Ilha do Sal, só falta marcares o voo e deixar o stress em casa. ☀️ Cabo Verde espera-te com sol, mar e aquele “no stress” que se entranha na alma.
Boa viagem e aproveita cada mergulho! 🌊
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Bom dia,
Óptimas dicas e sugestões por aqui! Parabéns!
Será possível facultar o contacto (motorista)do Luís “no stress”?
Obrigada
Olá 😊 Obrigada pelo comentário. +238 923 70 92